Publicado em: 14/06/2023
O Projeto Redes do Médio Xingu, desenvolvido pela Synergia, tem atuado para solucionar alguns desafios da Amazônia, como a conservação do meio ambiente e a geração de renda para as famílias locais.
O projeto possui atuação em três frentes: apoio à cadeia produtiva do cacau, que impacta positivamente na geração de renda das famílias da Estação Ecológica Terra do Meio, apoio à Rede Terra do Meio, a fim de promover uma estrutura comercial para atender a população local, e o apoio à Associação Agroextrativista Sementes da Floresta (AASFLOR), localizada em Uruará.
Tradicionalmente, as famílias da região extraem castanha, que tem seu período de colheita entre os meses de fevereiro e março. Como forma de expandir o calendário de produção local, as famílias iniciaram o cultivo do cacau, que tem sua colheita durante todo o ano, com pico em maio e junho, permitindo maior geração de renda para a população.
A Synergia, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tem apoiado o desenvolvimento da cadeia produtiva do cacau e da geração de renda das famílias da Esec Terra do Meio. Para isso, foram realizadas rodadas de assistência técnica e extensão rural (ATER), organização do arranjo produtivo e consultoria para acesso ao mercado de vendas do cacau.
A assistência técnica realizada incluiu os tratos culturais do cacau, como o manejo do solo, as podas do cacau e o manejo de pragas e doenças. Além disso, há um cuidado com o pós-colheita, que envolve o processo de fermentação e secagem, e o escoamento do cacau.
O projeto auxilia na organização dos/as produtores e produtoras e, segundo Mario Vasconcellos, líder do Centro de Estudos Synergia e do Projeto Redes do Médio Xingu, “o arranjo produtivo local significa você organizar os/as produtores e produtoras para que possam trabalhar de forma mais cooperativa e para que consigam fazer o escoamento e a venda de forma conjunta.”
Além disso, as famílias da Esec Terra do Meio cultivam o cacau por meio do sistema agroflorestal, que engloba uma agricultura de baixo carbono e o plantio em conjunto com outras espécies, como andiroba e copaíba, ou seja, um cultivo de cacauicultura sustentável, uma vez que entre os pés de cacau se plantam árvores nativas, que garantem a sombra adequada ao cacau e permitem a fauna local circular pela cultura.
Por muito tempo, as famílias da Esec Terra do Meio faziam um grande deslocamento para outras regiões com o objetivo de comprar comida e outros itens de necessidade, o que ocasionava em um alto custo de frete e gasolina. Para promover o acesso dessas famílias aos produtos alimentícios e de necessidade básica, foi apontada a importância de uma cantina comunitária.
Como forma de apoiar essa frente, foi realizado o aporte de capital de giro para a construção de uma nova cantina, além de apoio na manutenção da estrutura comercial e nos acordos para venda dos produtos à população local, por meio do Projeto Redes do Médio Xingu.
Além disso, para armazenar a castanha cultivada foi acordada a construção de um paiol em parceria com o ICMBio. O paiol também será utilizado para armazenar o cacau cultivado. O objetivo do projeto é facilitar o processo de escoamento das duas culturas.
Em busca de valorizar as sementes que já eram coletadas, agricultores e agricultoras familiares de assentamentos rurais que integram a AASFLOR iniciaram o processo de extração de óleo das sementes. Isso permitiu a criação de uma miniusina para facilitar o processo e, com o tempo, a aprendizagem de produção de sabonetes, pomadas e óleos hidratantes, entre outros produtos.
Como forma de apoio à AASFLOR, o Projeto Redes do Médio Xingu atuou no desenvolvimento da marca, dos rótulos e das embalagens, além da viabilização da venda dos produtos em feiras e eventos espalhados pelo Brasil, como a Feira Naturaltech, realizada em São Paulo.
Para Mario Vasconcellos, o trabalho realizado com a AASFLOR é uma oportunidade para emancipação e desenvolvimento dos/as agricultores e agricultoras locais: “O objetivo principal do apoio à AASFLOR é geração de renda, é valorizar mais os produtos deles/as, para que consigam ganhar mais dinheiro com isso”.
O Projeto Redes do Médio Xingu será tema de um documentário, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2023. Nele, serão abordados os trabalhos realizados na cadeia produtiva do cacau e na AASFLOR, tendo como fio condutor o cuidado das famílias em se desenvolverem sem destruir a floresta.
Além disso, o projeto acompanhará a colheita e o escoamento do cacau e impulsionará a comercialização da safra. Ainda, o projeto apoiará a construção da cantina na Esec, em parceria com o ICMBio.
Já os próximos passos de apoio à AASFLOR envolvem a continuidade de participação em eventos e feiras, e o apoio no desenvolvimento dos materiais de comunicação, como catálogos.
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